Se não a vejo e o espírito a afigura,
cresce este meu desejo de hora em hora...
Cuido dizer-lhe o amor que me tortura,
o amor que a exalta e a pede e a chama e a implora.
Cuido contar-lhe o mal, pedir-lhe a cura...
Abrir-lhe o incerto coração que chora,
mostrar-lhe o fundo intacto de ternura,
agora embravecida e mansa agora...
E é num arroubo em que a alma desfalece
de sonhá-la prendada e casta e clara,
que eu, em minha miséria, absorto a aguardo...
tão acima de mim.., tão linda e rara...
Que hesito, balbucio e me acobardo.
Manuel Bandeira
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