“SE A REALIDADE NOS ALIMENTA COM LIXO, A MENTE PODE NOS ALIMENTAR COM FLORES”.
CAIO F.

sábado, 25 de abril de 2009

DA ESPERANÇA DO MUNDO

1
Seria a opressão tão antiga quanto o musgo dos lagos?
Não se pode evitar o musgo dos lagos.
Seria tudo o que vejo natural, e estaria eu doente, ao desejar
remover o irremovível?
Li canções dos egípcios, dos homens que construíram as
pirâmides. Queixavam-se do seu fardo e perguntavam
quando terminaria a opressão. Isto há quatro mil anos.
A opressão é talvez como o musgo, inevitável.
2
Se uma criança surge diante de um carro, puxam-na para a calçada.
Não o homem bom, a quem erguem monumentos, faz isso.
Qualquer um retira a criança da frente docarro.
Mas aqui muitos estão sob o carro, e muitos passam e nada fazem.
Seria porque são tantos os que sofrem?
Não se de maisajudá-los, por serem tantos?
Ajudam-nos menos.
Também os bons passam, e continuam sendo tão bons
como eram antes de passarem.
3
Quanto mais numerosos os que sofrem, mais naturais parecem
seus sofrimentos, portanto. Quem deseja impedir que
se molhem os peixes do mar?
E os sofredores mesmos partilham dessa dureza contra si e
deixam que lhes falte bondade entre si.
É terrível que o homem se resigne tão facilmente com o
existente, não só com as dores alheia,
mas também com as suas próprias.
Todos os que meditaram sobre o mau estado das coisas
recusam-se a apelar à compaixão de uns por outros. Mas a
compaixão dos oprimidos pelos oprimidos é indispensável.
Ela é a esperança do mundo.
Berthold Brecht

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SONHAR É ACORDAR-SE PARA DENTRO.
Mário Quintana